O Destino de Vésper
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Uma breve história do mundo

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Post  GM Wed 22 Jun 2011 - 21:22

Quando aprendemos história antiga no colégio, geralmente aprendemos de uma maneira bastante formulaica, independente de onde ou quando aprendemos: pré-história, egito antigo, um bando de aulas sobre gregos e romanos (geralmente no mesmo saco de gatos) culminando com a pax romana de Augustus, uma aulinha que ninguém lembra sobre idade das trevas (aonde geralmente o ponto alto para os nerds é quando se fala de Carlos Magno e seus pares, inspiração para os paladinos de D&D) e de aí em diante é "Heróis do mar, nobre povo..."

Me apropriando do post do meu digníssimo...
Só para deixar BEM claro que EU não aprendi história antiga no colégio e tudo o que eu sei sobre Roma aprendi no seriado homônimo, e sobre a Bretanha naquele filme ruim do Rei Arthur que tem o Colin Firth (lembra Leo?), mas não isso não vai influenciar nas minhas decisões dado que eu tomarei conta provavelmente mais da parte "teatral" da história.

Em compensação se algum dia alguém quiser jogar um jogo sobre a Reforma Protestante na Europa, ou sobre a Revolução Mexicana, estamos aí! =P


Não vou me aprofundar sobre a utilidade de saber mais sobre o assunto ou os "ideologismos" do ensino, mas o ponto é que, para mim pelo menos, a educação tradicional deixou uma grande lacuna na cabeça sobre como o mundo "mágico" greco-romano tinha virado a Europa descentralizada, suja, supersticiosa e horrorosa da idade média.

É claro que o tempo passou e todos pegamos aqui e ali uma idéia de que as coisas não foram bem assim, uma idéia da transição, dos passos. Não pretendo aqui dar "aula" de história para ninguém - alguns sabem até bem mais que eu sobre o assunto - simplesmente busco nivelar o meio-de-campo. Para que todos possam jogar sem ficar boiando quando alguém se utilizar de um conhecimento obscuro sobre esta era particularmente obscura da história.


Agora senta que lá vem história...


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Post  GM Wed 22 Jun 2011 - 23:33

Rezam as pesquisas arqueológicas e paleolinguísticas que, do berço comum da África, a humanidade migrou para outros cantos e lá no final do Neolítico um grupo particularmente avançado (dominavam agricultura, domavam animais, trabalhavam com metais, possuíam barcos e usavam rodas sólidas) denominado criativamente de PIE (Proto-Indo-Europeus) havia se estabelecido de maneira semi-nomádica na Ásia Central, mais ou menos onde hoje é a Ucrânia. Os PIE se dividiam em três castas (guerreiros, religiosos e fazendeiros) possuíam poesia épica oral e adoravam deuses comandados por um deus do céu. Eles enterravam seus mortos sob montes de terra, às vezes com suas posses. Finalmente, os PIE, que não escreviam, - pois a escrita ainda não havia sido inventada - eram patrilineares e suas relações como grupo eram definidas pelas relações dos homens.

Se você não dormiu ainda, parabéns, estrelinha dourada! Eu juro que eu tenho um ponto com o papo neolítico em um jogo de idade das trevas e estou chegando nele. Os PIE estavam lá na Ucrânia, mas a Europa já estava cheia de gente. Por que então os PIE se chamam Proto-Europeus? Bom, em um momento ainda disputado, mas possivelmente entre 6000 e 4000 AC, os PIE começaram a se espalhar pela Europa Oriental. Uma hipótese particularmente interessante diz que eles se espalharam após o mar negro transbordar em um grande dilúvio, criando o estreito de Bósforo. (Possivelmente) Este dilúvio viria a figurar nas mitologias judaicas (e derivadas), grega, hindú e mesopotâmica, pelo menos. Está percebendo aonde isso vai chegar?

Os povos neolíticos da Europa eram variados em seus níveis de desenvolvimento tecnológico e social, mas a maior parte vivia em comunidades pequenas (nas ilhas britânicas a norma era entre 50 e 100 pessoas), subsistindo de cultivos de plantas e animais locais, com utensílios de cerâmica feitos à mão. A religião era menos abstrata, mais naturalista, e frequentemente existia um culto à uma deusa mãe. Isso refletia a própria estrutura das sociedades, sendo algumas delas matrilineares. Isto não significa falta de sofisticação entretanto, culturas pré-PIE produziram os Henges nas ilhas britânicas (que dá uma idéia de calendário e astronomia) e cidades muradas com até 5000 habitantes na península ática.

Bom, teoria do dilúvio, uma ou várias expansões pacíficas ou belicosas, realmente não importa. Eu já vi esse filme diversas vezes jogando Civilization. "Might makes Right". Seja por emulação, assimilação ou conquista a Europa foi "invadida" pelos PIE, que em diversas ondas de migração acabaram formando as culturas clássicas que conhecemos. As diferenças destas culturas, acredita-se, são oriundas de desenvolvimento isolado e influência das culturas pré-PIE locais.

Os proto-gregos se estabeleceram no sul da península Ática por vola de 3000 AC e daí se espalharam pelo resto da grécia e depois colonizaram o entorno do Mediterrâneo.

Mais ou menos na mesma época as culturas de caçadores-coletores das costas gélidas do mar do norte eram sobrepujadas pelo "povo do machado de batalha", um dos braços da expansão PIE. Este núcleo formou os povos germânicos.

A cultura Urnfield, considerada proto-celta pode ser identificada como uma cultura distinta da "massa PIE" por volta de 1200 AC, parte destes se impôs sobre as culturas estabelecidas na península itálica e formou os etruscos - e eventualmente os romanos; outra parte se estabeleceu na Europa Central, formando a cultura Hallstatt que se espalharia pela Europa Ocidental formando diversos povos célticos.

Uma breve história do mundo Pieexpansion
Mas eu disse que tinha um ponto chegando, certo? Pois bem, meu ponto é que todos os povos europeus tinham um "ancestral" comum que já possuía várias das características culturais que estas culturas distintas apresentavam. Panteísmo, cultura patriarcal baseado em conceitos de justiça, os mesmos mitos heróicos, uma "casta militar". Quanto menos distante a separação das culturas em relação ao ancestral comum, menores as diferenças.

O corolário deste ponto é que para qualquer um destes povos seria razoavelmente fácil "re-assimilar" culturalmente os outros e foi exatamente isso que aconteceu. As diferenças só começam a ficar um pouco gritantes quando os mundos ocidental e oriental se chocam, na Ásia Menor, Palestina e África. Enquanto as culturas ocidentais em geral abstraíram os deuses da vida e da sociedade, isolando o papel da religião, no mundo oriental a religião era central à sociedade e a "casta religiosa" em geral governava (vide Pérsia, Egito e os Hebreus). O mundo grego (e eventualmente bizantino) flutuava no meio, oriental e exótico demais para um "bom romano" e ocidental e burocrático para um asiático.


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Post  GM Thu 23 Jun 2011 - 4:12

Desde o terceiro milênio AC, a península ática era ocupada por povos proto-gregos, mas o que é normalmente identificado como fato fundador da "identidade grega" é a realização dos primeiros jogos olímpicos registrados em 776 AC. Nos séculos que se seguiriam os gregos estabeleceram colônias na costa do mediterrâneo. O comércio externo era comum (com os Fenícios de Canaan, por exemplo) e os gregos, embora se enxergassem como um só povo, tinham lealdade somente para a cidade-estado. Os gregos inventaram o alfabeto, baseado no abjad fenício, cujas bases serviriam ao alfabeto latino, inventaram a história - ao registrar os fatos por escrito - a filosofia - a arte de ficar de pernas para o ar enquanto os escravos trabalham - e o teatro.

Atenas podia ser considerada a cidade mais desenvolvida na antiguidade grega. Dita o berço da democracia, seu governo na verdade era uma oligarquia aristocrática de base rural e escravista. Derrotou sozinha, entretanto, a primeira invasão persa, de Darius, na batalha de Maratona (você lembra dela, aquela em que o pobre soldado correu até morrer para entregar a mensagem de que o inimigo estava vindo e que até hoje determina o tamanho de uma maratona).

Os persas invadiriam novamente meros 10 anos depois, sob Xerxes, dessa vez com um exército gigantesco. 300 espartanos estavam confiantes que podiam pará-los nas Termophilas. Vocês viram o filme e sabem como ele acabou...
:sparta:
Os persas seguiram marchando e saqueando a Grécia e eventualmente foram vencidos em batalha naval por Atenas.

Uma breve história do mundo Persianwarmap5
As perdas incontáveis da guerra demonstraram a necessidade de uma entidade maior que as cidades-estado para se defender de ameaças como os persas. Atenas, é claro, queria mandar nessa aliança. Esparta não gostou muito da idéia e em pouco tempo, em 431 AC, irrompeu a guerra do peloponeso. Esparta acaba por vencer e começa o ocaso de Atenas como grande cidade da antiguidade. Pouco tempo depois, entretanto, Esparta também declina e as cidades-estado continuam com suas guerras eventuais até que surge Alexandre dos Macedônios, ao norte, e você tabém já viu esse filme.

Em 20 anos Alexandre espanca a Grécia em submissão e aproveita para conquistar boa parte do Oriente Médio, Egito, Síria e marchar até praticamente a Índia. Por onde o exército macedônio passava deixava postos comerciais, cidades fundadas e funcionários, espalhando efetivamente a cultura grega pelo Oriente. Por outro lado, Alexandre e seus generais também foram influenciados pelas culturas que tocavam o que orientalizou bastante a filosofia e forma de governo macedônios. Com a morte do "Basileu", seu império acaba dividido em 323 AC entre os seus principais generais: Ptolomeu, que fica com o Egito e parte da Palestina; Seleukos, que comanda parte da Palestina, toda a Mesopotâmia e boa parte da Anatólia (atual Turquia); Antigonos comandou a Macedônia e o resto da Grécia e Philatareus ficou com o comando de Pérgamo, a parte ocidental da Anatólia. Colônias gregas ainda se espalhavam no entorno do Mediterrâneo. O projeto de um mundo unificado e helênico era colocado em espera enquanto os estados sucessores de Alexandre brigavam entre si.

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Post  GM Thu 23 Jun 2011 - 4:15

Enquanto os proto-gregos se estabeleciam na península ática e nos bálcãs, nas planícies cobertas de floresta em torno do mar do norte (sul da escandinávia, dinamarca e norte da alemanha) os caçadores-coletores que lá habitavam originalmente entravam em contato com o habilmente denominado "Povo do Machado de Batalha". Esta divisão dos PIE, seria originalmente não muito diferente dos povos que fundaram as cidades-estado gregas e os impérios mesopotâmicos, mas ao longo dos dois milênios se diferenciou dos outros em isolamento, criando o que pode ser chamado de proto-germânicos, uma série de tribos e culturas similares mas não unificadas.

Uma breve história do mundo Nordicbronzeage
Pelos idos de 800 AC as temperaturas na Europa setentrional baixaram consideravelmente, o que estimulou os proto-germânicos a se espalharem para o sul e para o oeste, ocupando até a holanda. Eventualmente estes se encontraram com a cultura Halstatt (mencionada acima como uma precursora dos celtas), que lhes ensinou um truque bacana: como extrair ferro de pântanos. Ao longo do tempo que se seguiu o povo continuou se expandindo e, nas florestas fechadas recortadas por rios e pântanos, se diferenciou em diversas tribos com culturas mais específicas: Vândalos, Góticos, Frísios, Címbrios, Teutônicos, Anglos e Saxões, para citar alguns exemplos mais relevantes a esta história. As diferentes tribos tinham religião e língua similar, embora não se identificassem como um povo único.

Uma breve história do mundo Premigrationagegermanic
As evidências apontam que por volta de 400 AC as línguas faladas pelos diferentes povos germânicos já eram tão diferentes entre si que a comunicação com clareza entre as tribos seria muito difícil e só aconteceria entre as tribos mais próximas ou historicamente ligadas. A religião panteísta mostrava pequenas diferenças nos deuses venerados por cada tribo, na maneira da reverência e nos nomes dos deuses, mas de modo geral os mortos eram cremados (o que torna particularmente difícil encontrar vestígios arqueológicos precisos), a religião era fonte augúrios que eram respeitados e uma característica cultural comum parece ter sido a valorização do que é "real, verdadeiro e mundano" pelos homens e do que é "abstrato, significante e místico" pelas mulheres. Assim, enquanto um grego escreve poemas épicos sobre Ulisses, a "Raposa de Ítaca", um Germano tenderia a considerar o herói mais engraçado que valoroso e acharia suas qualidades femininas, como na história em que Thor é convencido por Loki a se travestir para recuperar o martelo roubado pelos inimigos.

Uma das características culturais presentes nos diferentes povos germânicos é o conceito de reinado eletivo: um líder espiritual, judicial e militar, eleito pelos homens livres dentre os candidatos de uma linhagem de ancestrais divinos ou semi-divinos. Na sociedade germânica, cada homem livre que possuía terras era subordinado diretamente ao rei, sem intermediários. Homens livres que não possuíam terra podiam jurar lealdade a um proprietário que, por sua vez se tornava responsável pela sua manutenção de vida, inclusive com banquetes e presentes generosos. Os germânicos também valoravam as pessoas de acordo com sua posição social e assim a lei tradicional estipulava valores e multas diferentes para danos contra pessoas diferentes. Pessoas de mais nobreza e importância valiam mais e um servo não-livre não valia nada, só comandava uma indenização por danos materiais. Mulheres não tinham uma posição própria, herdavam a do pai ou marido. Estas bases eventualmente evoluíriam no sistema feudal de vassalagem.

Por volta de 250 AC as tribos germânicas haviam se extendido até a margem leste do Reno e os romanos posteirormente marcariam o rio como a fronteira entre as "Terras Galesas" e as "Terras Germânicas", mas na verdade houve uma certa mistura cultural entre os povos neste local e é possível que várias tribos que os romanos identificavam como germânicas devido à localização geográfica fossem na verdade celtas e vice-versa. Esta mistura, é claro, não era sempre pacífica. Em continuidade aos movimentos migratórios (aonde em geral tribos centrais se expandiam ou moviam e empurravam as periféricas para mais longe) o povo germânico, por volta do segundo século AC, entrou em contato com a República de Roma em expansão, culminando em conflitos e invasões, registrado na chamada Gerra Cimbriana.


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Post  GM Thu 23 Jun 2011 - 4:22

A história dos celtas, assim como dos germânicos, é documentada principalmente por seus vizinhos romanos e gregos, cujas inscrições sobreviveram, o que torna alguns dos "fatos" sobre esta cultura disputáveis. O primeiro uso da palavra "Celta" é feito pelos gregos, na forma "Keltoi" em 517 AC. Daí em diante o epíteto foi utilizado para determinar qualquer nação ou povo de costumes e língua similar ao descrito pelos gregos. A região correspondente hoje ao sul da França e Austria é o ponto mais provável de origem da cultura. Deste ponto o povo se espalhou para as ilhas britânicas e para o sul além dos alpes, na península itálica, onde já se encontravam por volta de 500 AC; para a península ibérica; descendo o Danúbio e seus tributários para a atual costa da Sérvia e Croácia, para a Trácia e para a Anatólia (Bulgaria e Turquia). Nas áreas mais centrais onde a cultura aflorou podemos observar um grau de sofisticação maior, com cunhagem de moedas e escrita. Por uma lenta difusão estes avanços se espalhavam para as periferias da "zona cultural celta".

De modo geral os celtas se organizavam em tribos com diferenciação de classe e governados por reis estritamente patrilineares (às vezes eletivos). A sociedade era claramente dividia em três grupos: uma aristocracia de guerreiros, a classe intelectual/profissional de druidas, poetas e juristas e uma terceira classe de trabalhadores. Além das três classes os celtas também praticavam a escravidão. Libertar escravos - cuja condição era hereditária - era possível, mas desencorajado pela lei e pelos costumes; na Irlanda a palavra para escrava (cumal) era uma unidade de valor comum. Mulheres, entretanto, desfrutavam de uma liberdade desconhecida nos outros povos descendentes dos PIE, eventualmente assumindo papéis de guerreiras e líderes militares / políticas (embora em frequência muito inferior aos homens). A cultura Halstatt não parece ter desenvolvido a escrita e inscrições celtas só são encontradas usando o alfabeto latino ou grego, exceto no caso do grupo celtibérico que desenvolveu seu próprio semi-alfabeto baseado no abjad fenício ou alfabeto grego por volta de 300 AC.

Espalhando-se pelas planícies da Europa, eles viviam em comunidades urbanas, cunhavam moedas e possuíam uma rede comercial com estradas de terra cortando toda a Europa. Os celtas, vivendo em ambiente muito menos hostil que os Germânicos, eram considerados menos barbáricos que estes pelos seus vizinhos romanos e gregos. Um aspecto da cultura, entretanto, tirava o sono dos vizinhos "mais civilizados": os celtas eram colecionadores de cabeças. Existem discussões se a religião celta praticava com frequência o sacrifício humano ou não, mas é certo e estabelecido que as tribos como um todo tinham o hábito de cortar e preservar a cabeça de seus inimigos derrotados. As cabeças eram preservadas como troféus e penduradas nas paredes externas das casas, guardadas em baús para mostrar e gabar-se para visitantes e amarradas nas laterais dos carros de combate para aterrorizar os inimigos. Isso fez com que a religião druídica dos celtas fosse uma das poucas que foi proibida e perseguida no Império Romano que era, em geral, extremamente tolerante no quesito religioso (basta lembrar que os judeus eram auto-governados com total liberdade religiosa na época do nascimento de Cristo), mas bem... cortar cabeças costuma atrair esse tipo de reação.

Os romanos atestam alguns povos vivendo na atual França no início da história registrada: Gauleses celtas e Bascos e Aquitânios (hoje identificados como tribos de desenvolvimento não PIE), além dos gregos de Massália (Marselha). Os romanos trocavam e mantinham tratados com estes povos, com laços particularmente mais fortes com os gregos, que eram mais presentes abaixo dos alpes na própria península itálica. Os Gauleses eram uma grande aliança pouco coesa de tribos e, por volta de 400 AC a tribo dos Senones, sob o comando de Brennus, cruzou os Alpes, para o Sul e, expulsando os Umbrianos, colonizou a costa leste da Itália. Em 391 AC a expansão continuou para a Etruria, terra natal dos Etruscos e sitiaram Clusium, que montou o cenário para o saque de Roma e o início de uma rivalidade que duraria... bem, para o resto dos tempos e definiria o caráter da cultura guerreira celta na imaginação popular.

Da mesma maneira que os povos celtas se espalharam para além dos Alpes, também desceram em direção ao sudeste para os bálcãs e se estabeleceram em área que ia de Vienna até a Eslovênia. Durante as guerras de Alexandre contra as tribos Ilíricas os Boii e os Volcaei aproveitaram para subjugá-las pelo Oeste, mas sem ameaçar os domínios do macedônio, inclusive enviando missões diplomáticas para avaliar a força dos gregos. Com a morte de Alexandre os celtas ampliaram suas incursões nos territórios ilíricos e macedônios, arruinando o "reino sucessor" da macedônia e eventualmente tomando grandes faixas de território na Trácia, onde se manteriam até aproximadamente 200 AC. Da Trácia, três tribos celtas se espalharam para a Anatólia (atual Turquia) e lá fundaram o reino da Galátia, governando sobre as tribos locais.

Do segundo século AC em diante os celtas, desorganizados e atomizados em diversas tribos independentes e aguerridas, começaram a perder suas terras para os cartaginenses, romanos e gregos. As tribos, em geral, não eram completamente destruídas (a beleza de viver para apanhar outro dia...) e em geral se realocavam "mais para o interior". Eventualmente as tribos cruzaram o Canal da Mancha e invadiram as ilhas britânicas. O povo que lá vivia originalmente já possuía uma cultura pré-celta, possivelmente fruto de invasões anteriores ou difusão cultural através do comércio. Nas ilhas, a cultura celta se desenvolveria a níveis de sofisticação únicos até mesmo após a conquista romana, no interior e nas áreas mais inóspitas.

Uma breve história do mundo Celtsineurope


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Post  GM Thu 23 Jun 2011 - 4:22

Sempre que pensamos nos romanos, a tendência é que pensemos em um exército, nas legiões organizadas, numa burocracia espalhada pelos quatro cantos da Europa administrando um império expansionista. A verdade, no entanto, é que a Roma clássica nunca funcionou como um império - ao menos não como a idéia de estado-nação que temos a partir da renascença. Roma na verdade funcionava como uma cidade-estado com uma gigantesca área de influência. Para entender o império romano então é preciso entender a história da cidade em si.

A cidade de Roma se desenvolveu no vale do rio Tiber, em torno de sete colinas (originalmente o Cermalus, Palatium e Velia - três picos do Monte Palatino - Cispius, Fagutalis e Oppius - três picos do Monte Esquilino e o Sucusa). O povo que lá habitava era denominado Latino e a região era estratégica, na curva do Rio, entre montes, conforme demonstra a figura:

Uma breve história do mundo Roma750ac
Todo registro da monarquia de Roma é contada como um misto de lenda e história. A lenda atribui a fundação da cidade aos descendentes de Enéas - filho de Vênus, fugido de Tróia - Romulus e Remus. Para preencher o espaço de tempo entre o fim da Guerra de Tróia e a fundação da cidade (aproximadamente 450 anos), foi criada uma elaborada linha de filiação, passando pelas cidades etruscas de Lavínia e Alba Longa. Na versão mais conhecida o irmão do rei de Alba Longa o depõe e condena a filha dele a se tornar uma Vestal - uma sacerdotisa virgem - para acabar com a linhagem do rei original. A vestal (Rhea Silvia - possivelmente derivado de Rainha da Floresta ou Mulher culpada da floresta, ou mesmo deusa do rio da floresta) é seduzida por Marte e tem filhos gêmeos, que o novo rei manda matar junto com ela. O encarregado de cometer o ato toma pena e ao invés disso lança os meninos em um cesto no Rio Tiber. Estes são amamentados por uma loba, adotados, crescem como pastores e eventualmente restauram o avô como rei de Alba Longa. Ao invés de sossegarem como bons príncipes entretanto eles decidem que querem governar já e junto com um bando de vagabundos, escravos fugitivos e outros que buscavam uma segunda chance na vida vão a fundar uma nova cidade: Roma. Em uma discussão geralmente tida como tola (em torno de qual monte fundar a cidade: o Palatino por Romulus ou o Aventino por Remus) os irmãos acabaram brigando e Romulus matando Remus, se tornando o primeiro Rei de Roma.

Romulus divide os guerreiros de Roma em regimentos de 3000 infantes denominados legiões e 3 centúrias de 100 cavaleiros cada (equites), uma para cada tribo que populava roma (Latinos, Sabinos e Etruscos). Os 100 mais nobres e ricos cidadãos servem como seu conselho, denominados patres - os pais da nação, seus filhos a classe de patrícios de Roma. Os patres eram também mais velhos e experientes, chamados portanto de senadores (de seniores) e serviam como conselho e órgão legislativo.

A lenda coloca então que a cidade muito cresceu, atraindo refugiados, despossuídos e proscritos. Conforme a maior parte dos imigrantes era homem, Roma logo se viu com uma falta de mulheres. A solução para isso foi convidar os Sabinos e Latinos de vilas e cidades vizinhas para celebrar um festival a Netuno e, durante o festival raptar as virgens presentes para casá-las com cidadãos romanos. Os vizinhos, é claro, não consideram o ato de boa fé e tomam armas mas são derrotados um a um pelas "legiões" de Romulus (note que as legiões nada mais eram do que falanges ao estilo grego - a cidade ainda não possuía nenhuma tradição militar). Apenas os Sabinos lutam em condições de igualdade e a luta vai e vem no campo sem um vencedor claro. As mulheres capturadas eventualmente intercedem pelos seus parentes e urgem que os lados cheguem a um acordo. Os romanos eventualmente cedem o monte Quirinal para os Sabinos e aceitam 100 dos seus anciões como patrícios no senado romano e seu líder Tatius como co-rei. As legiões - e Roma - dobram de tamanho.

Uma breve história do mundo Ancienaly
Tatius morre logo em seguida, entregue para uma cidade inimiga por ter matado embaixadores lavínios. Como rei único de Roma, Romulus cria instituições para organizar a cidade: cada uma das três tribos elege um tribuno para representá-la e comandá-la nos seus interesses civis, militares e religiosos. Cada tribo é subdividida em 10 cúrias, perfazendo 30 cúrias no total. Cada cúria é ainda subdividida em 10 "gentes" - clãs familiares que formam a base do nome romano (P. ex: Aemilius, Claudius e Julius). Propostas feitas por Romulus ou o senado são oferecidas à Comitia Curiata - assembléia das cúrias - para ratificação. Cada gente dentro de cada cúria tendo um voto.

Nas décadas que se seguem Romulus trava guerra contra as cidades vizinhas, expandindo o poderio de Roma e se tornando extremamente popular com o povo, inebriado pelas vitórias. Por outro lado, Romulus se mostrava cada vez mais autocrático, ignorando frequentemente o senado para decisões administrativas, governando através de decretos e dividindo terras conquistadas entre os soldados sem consultar os patrícios. O povo aclamava a divindade de Romulus mas o senado o odiava tanto que decide dar cabo dele. Em um dia de eclipse Romulus é despedaçado na casa senatorial, longe dos olhos do povo. Proculus, um velho senador, discursa ao povo a seguir que Romulus subiu espontaneamente aos céus e lhe pediu que fosse chamado de Quirinus (deus Sabino da guerra) e para que dissesse aos romanos que, pela vontade do céu, e se tornassem a capital do mundo, que aprendessem a ser bons soldados e que as crianças sobessem que nenhum poder na terra pode resistir às armas de Roma.

Reis Sabinos:

Com a morte de Romulus o senado governa por um ano conhecido como Interregnum. Numa Pompilius, um sabino, é eventualmente escolhido para suceder Romulus. Seu reino foi marcado pela paz e reformas religiosas. Numa ergueu o templo para Janus (o deus romano de duas faces citado na bíblia) depois de estabelecer a paz com as cidades vizinhas. Estabeleceu e codificou o ofício do Pontifex Maximus (em tradução literal, maior dos construtores de pontes, líder espiritual de Roma - a ponte aqui sendo entre os homens e os deuses), dos Salii (clérigos saltadores de Marte - o deus, não o planeta), das Virgens Vestais em Roma e dos três flaminos arcaicos (Jupiter, Marte e Quirinus). Numa também ajustou o calendário lunar e solar criando dois novos meses: Janeiro e Fevereiro.

O ofício de rei, em Roma, embora vitalício não era hereditário. Novos reis eram escolhidos pelo senado e a Numa Pompilius seguiu-se Tullus Hostilius, também sabino. De acordo com a lenda ele se provou tudo que o nome prometia: ignorou a religião e se lançou numa campanha bem sucedida de conquista que destruiu Alba Longa (cuja população foi integrada à de Roma) e conquistou Fidenae, Veii, e o resto das populações Sabinas. É atribuída a ele a construção da Curia Hostilia, casa do senado romano durante séculos. Após uma praga assolar Roma Tullus se tornou supersticioso e religioso, mas aparentemente era tarde demais, pois registra-se que ele morreu queimado na própria casa, atingida por um raio lançado pelo próprio Jupiter.

Seguindo um padrão, ao rei conquistador seguiu-se um rei pacífico e religioso: Ancus Marcius, o último rei sabino de Roma. Seu governo foi de fortalecimento da posição de Roma como poder local e durante seu reino foram construídas várias obras importantes como as minas de Sal, o porto de Ostia, o primeiro presídio,no monte Capitolino, e a primeira ponte sobre o Tiber. Ancus usou de diplomacia para subjugar o resto dos povos Latinos, realocados para o monte Aventino, criando a classe de Plebeus em Roma.

Reis Etruscos:

Ancus foi seguido de Lucius Tarquinius Priscus, um imigrante estrusco que havia sido adotado como filho de Ancus Marcius. Priscus era um rei guerreiro e dobrou os territórios de Roma lutando contra cidades sabinas e etruscas. Por ser etrusco, entretanto, uma de suas primeiras reformas foi criar mais 100 cadeiras no senado, para as tribos etruscas conquistadas (somando 300 senadores). Priscus criou o sistema de esgotos de roma (Cloaca Maxima) e iniciou a construção do Forum, centro da vida pública da cidade (cujas ruínas ainda se encontram preservadas). Mais emblemático talvez tenha sido a construção do Circus Maximus, pista de corridas de bigas fora da cidade. Priscus foi assassinado por um filho de Ancus Marcius com 38 anos de governo.

Seguiu-se o reinado de Servius Tullius, genro de Priscus e também nascido etrusco, supostamente sem voto do senado - por apelo popular e maquinações da sogra. Continuou a guerra bem sucedida contra os etruscos. Com os lucros da campanha construiu o Pomerium, primeiro muro em volta de toda a cidade. A esta altura, os patrícios fundadores já eram minoria na cidade que atraía conquistados e migrantes e o mais importante de seu governo, portanto, foi a extensa reforma que operou na sociedade romana de modo a manter seu poder e popularidade. Servius realizou o censo completo do reino aonde cada cidadão foi ao Campus Martius e, sob juramento, deu seu nome, endereço, ordo (ranking social: senatorial, equite ou cidadão), membros da família, servos, locatários e propriedades (no sentido de terras, riquezas e capacidades de levantar armas para o serviço militar).

Para atualizar a estrutura política da Comiata Curiale estabelecida nos tempos de Romulus, Servius dividiu a cidade em 4 regiones geográficas ao invés das 3 tribos com 10 cúrias cada, o que permitiu que novas famílias proeminentes pudessem ter participação política através de uma nova assembléia: a Comitia Centuriata. Cada cidadão fazia parte de uma de seis classes, cada classe dividida em centúrias. As classes eram chamadas a votar de acordo com o número de centúrias que possuíam (as mais ricas com mais centúrias e as mais pobres com menos), sendo a próxima classe chamada a desempatar quando não houvesse unanimidade na classe superior. A classe mais rica (homens com mais de 100 000 seterces em bens) era denominada classici dividida em 80 centúrias e as outras infra classem, sendo a mais pobre (homens sem bens, com menos de 11 000 seterces) proletarii contando com apenas uma centúria para votar - que era infinitamente superior a nenhum voto, que era o que a maior parte da cidade tinha antes.

O novo sistema militar espelhava o sistema civil e era um refinamento do antigo. Soldados eram escolhidos nas centúrias para formar linhas de batalha de hoplitas (guerreiros em falanges) também denominadas centúrias. O homem era responsável pelo próprio equipamento então, evidentemente, as linhas mais bem equipadas eram as centúrias mais ricas e formavam (teoricamente) a frente de batalha. Especialistas eram formados da quinta classe (que congregava cidadãos de pelo menos 11 000 sesterces em bens e tinha 30 centúrias de profissões específicas tais como artesãos ou carpinteiros) e os oficiais eram escolhidos previamente por voto da centúria civil.

O sistema de classes favorecia pesadamente a elite econômica da cidade, mas extendia direitos políticos para todos os cidadãos da crescente Roma. No campo diplomático foi fundada a liga latina, com Roma como líder. O reino de Servius acabou quando foi assassinado por uma conspiração de sua própria filha e seu genro, cunhado e mais famoso rei de roma: Lucius Tarquinius Superbus.

Superbus ampliou obras públicas na cloaca maxima e no circus maximus e completou o templo para o deus dos transformers Jupiter Optimus Maximus. Levou guerra aos Volsci, Gabii e Rutuli cimentando a posição de Roma como líder da liga latina. Seu reinado entretanto será para sempre lembrado pelo uso da violência e intimidação para controlar a cidade. Esta, é claro, não era uma tática nova. O probelma é que Superbus pisou nos calos errados. Alguns governantes não aprenderam nada com Romulus.

Superbus escolheu pisar nos calos do senado romano, que estava fortalecido com as reformas de Servius. A gota d'água foi quando o filho de Superbus, Sextus Tarquinius estuprou uma Lucretia, esposa e filha de famílias importantes. Lucretia cometeu suicídio para evitar a desonra e contou o ocorrido para as famílias (não necessariamente nessa ordem). Uma revolução se inflamou e como resultado, em 509 AC Tarquinius e sua família foram expulsos de Roma. Os romanos juraram que nunca mais se dobrariam a um rei (Rex), um tirano.


Last edited by EnderBR on Wed 17 Aug 2011 - 18:18; edited 9 times in total
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Post  Buckler Wed 29 Jun 2011 - 2:01

Uhn...os posts sao bem detalhados, mto bem

Mas eu queria saber se é possível fazer um mapa com as localizações das coisas..tribos e nações...assim como acho q os posts históricos se beneficiariam de um resumo de algumas características culturais que nossos personagens poderiam esperar daquele povo. Evidente que muitos desses povos são da História e não são contemporâneos do nosso jogo, mas existem povos sendo citados que são..portanto para eles poderia ser feito algo como p exemplo:

The fulanin Fulanos
Fulanos vieram da fulanolanida etc ..e tc. ...
...
..
...
...
..
..

<Características Culturais>
Anônimos
Cautelosos
Mesquinhos
Seguem os líderes de sua religião fulanolisse
Pacíficos a não ser quando sentem seu território ameaçado

Claro que esse é um exemplo bem bobo, mas acho q vc pegou a idéia. Que acha?
Buckler
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Post  GM Fri 1 Jul 2011 - 20:25

raphaelbr wrote:Uhn...os posts sao bem detalhados, mto bem

Mas eu queria saber se é possível fazer um mapa com as localizações das coisas..tribos e nações...assim como acho q os posts históricos se beneficiariam de um resumo de algumas características culturais que nossos personagens poderiam esperar daquele povo. Evidente que muitos desses povos são da História e não são contemporâneos do nosso jogo, mas existem povos sendo citados que são..portanto para eles poderia ser feito algo como p exemplo:

The fulanin Fulanos
Fulanos vieram da fulanolanida etc ..e tc. ...
Claro que esse é um exemplo bem bobo, mas acho q vc pegou a idéia. Que acha?

Hehehehe... seu desejo é uma ordem. Vou colocar mapinhas nos posts para ajudar a localizar. De resto as informações sobre as culturas, homelands e religiões serão postadas logo em seguida nos próprios tópicos.
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Post  Buckler Fri 1 Jul 2011 - 21:57

Primeiramente: Muito obrigado por ouvir o clamor do povo Erick! Acho que essas propostas, apesar de poderem ser trabalhosas, podem ajudar bastante a facilitar futuras referências.

Em segundo (e meio off-topic XD):
EnderBR wrote:

Em compensação se algum dia alguém quiser jogar um jogo sobre a Reforma Protestante na Europa, ou sobre a Revolução Mexicana, estamos aí! =P

Revolução Mexicana? XD
RPG com sombreros? Só topo se eu puder ter o meu próprio case de violão lança mísseis! Get it? Get it? :lol!:
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Post  GM Sat 2 Jul 2011 - 15:56

raphaelbr wrote:RPG com sombreros? Só topo se eu puder ter o meu próprio case de violão lança mísseis! Get it? Get it? :lol!:

10.000 pontos extras pela referência à Desperado!!! =D
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Post  Buckler Tue 5 Jul 2011 - 22:39

Os mapas foram uma adição muito bem-vinda. A pausa no meio dos textos ajuda a respirar e pensar sobre o que está sendo lido, assim como as ajudas visuais (por mais que eu possa ter dificuldade com algumas pelo daltonismo) emprestam um pouco de contexto. Colocar mapas no meio dos posts foi uma boa idéia. 8)
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Uma breve história do mundo Empty Re: Uma breve história do mundo

Post  Buckler Sun 7 Aug 2011 - 20:56

Certo..Cloaca Máxima xD
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